
A invasão à Câmara dos Deputados por um grupelho de fascistas foi só uma demonstração de como o golpe parlamentar nutriu o fascismo (e vice-versa).
Os deputados repudiaram, de modo geral, a invasão à Câmara. Poucos deles, porém, falaram aquilo que é o cerne da questão: o grupelho fascistoide que quebrou uma porta e invadiu o Plenário Ulysses Guimarães é filhote do golpe. É parte das massas que, nas manifestações contra o governo Dilma, já exibia cartazes pedindo a intervenção das Forças Armadas.
Estes grupelhos jamais foram identificados pelos golpistas quando serviu de massa de manobra para queimar bandeiras do PT, perseguir esquerdistas em restaurantes e alçar faixas nas manifestações onde pediam a deposição de Dilma através de um golpe de Estado.
Naquele período, mesmo com os ideais antidemocráticos aflorados e um fascismo que de longe se enxergava os políticos da direita e todos aqueles que tramaram a queda de Dilma, fizeram questão de não vê-los. Ora, eles estavam misturados às “massas de brasileiros que pediam o impeachment”.
Não sabiam os deputados – ou fizeram questão de não o saber – que estes grupelhos fascistas se nutriam do golpe. Não era a democracia que lhes interessava. Não é um deputado ou senador o tipo de representatividade que eles querem. É um general! É um poder monocrático como se viu durante o regime militar. Mas a sanha golpista não permitiu que muitos deputados e senadores vissem o ovo da serpente.
O grupelho de extrema direita que invadiu a Câmara é um retrato do ódio, da aversão à política e ao sistema de representatividade vigente. O golpe provocou uma ruptura democrática de tamanha profundidade que poucos políticos estão atentos à dimensão do problema.
A campanha de ódio e de criminalização da política obtêm como frutos estes grupelhos fascistas e antidemocráticos; tem culpa nisso tudo a mídia, a perseguição extrema aos políticos e aos partidos, mesmo àqueles que jamais estiveram envolvidos em esquemas de corrupção; a culpa é do golpe que, para usar estas massas descontroladas, abriu para elas a possibilidade de exigir as suas pautas escabrosas.
A grande mídia chamou os membros deste grupelho que invadiu a Câmara de “vândalos”. Não seria este o tratamento que a TV Globo, como convocadora oficial das manifestações contra Dilma, daria a estes aloprados entre agosto de 2015 e abril de 2016. Neste período, as massas de manobra, mesmo as que incitavam a intervenção militar, estavam cumprindo um “dever cívico” que era destruir o PT.
A serpente apenas rachou a casca do ovo.
Direita raivosa…extremismo…radicalismo…ora…”eles” também tem “direito” de se manifestar…a quem pode interessar?…quem esta no comando deles?…